Ediovani Antonio Gaboardi
(gaboardi@upf.br)
Professor do curso de Filosofia da UPF

Mas como medir o mérito das pessoas? Como comparar ações tão diferentes quanto compor uma música, construir uma casa ou preparar uma refeição? E, pior, o mérito não pode basear-se apenas no bem que a ação produz à sociedade, mas também no grau de esforço que ela exige – senão ninguém assumirá aquelas tarefas igualmente úteis, mas mais difíceis.
Trocamos nossa força de trabalho com outros por meio do dinheiro e determinamos o valor de nosso trabalho pela lei da oferta e da procura. Supomos assim que o que é mais útil e mais difícil de realizar será também o mais valorizado. Assim, para conhecer o mérito de uma pessoa, basta olhar seus bens: quem tem mais fez por merecer.
No fundo, aceitamos essa regra econômica porque ela é em tese a expressão concreta do princípio mais elementar da moral, a justiça, que significa desde a Grécia clássica “dar a cada um o que é seu de direito”. Supomos, assim, que as pessoas no início da vida são livres e iguais. Algumas decidem sair do comodismo e trabalhar, gerando bens e serviços que são úteis para os demais, e por isso devem receber a sua parte da riqueza total. Outras decidem não colaborar e, por isso, não merecem nada. Aqui vale aquela máxima: “Quem não trabalha não come”.
Mas será que essa teoria explica mesmo a vida real? Será que recebemos aquilo que merecemos? Será que temos liberdade para decidir que trabalho realizar? Será que aquela igualdade de ponto de partida existe em nossa sociedade, e aquilo que a pessoa consegue na vida é mérito exclusivo seu? Será que os bens que as pessoas têm expressam o mérito que possuem?
Para alguns, essas questões são reinações de quem só sabe reclamar e não quer trabalhar. Para outros, expressam o mal fundamental que impede que as pessoas se desenvolvam. Para uns, a

A justiça é o que torna possível a vida civilizada. Então, “quando a verdade não mais valer. Quando ter caráter só comprometer. [...] Haiô, Haiô Silver!” (IRA, Haiô silver!)
1- Na sua opinião, as pessoas recebem aquilo que realmente merecem? Justifique sua resposta exemplificando?
2- Você acredita que o trabalho de um gerente é mais digno que o trabalho de um pedreiro?
3- Busque explicitar a seguinte afirmação: “para conhecer o mérito de uma pessoa, basta olhar seus bens: quem tem mais fez por merecer”. Será que os bens que as pessoas têm expressam o mérito que possuem?Se você tivesse a função de medir os méritos de cada um, dando a eles o que realmente merecem, que critérios levaria em conta para fazer tal avaliação?
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